quinta-feira, outubro 06, 2005

O Brilho de Da Vinci

Quinhentos anos atrás, Leonardo Da Vinci solucionou um antigo enigma astronômico: o mistério da luminosidade da Terra.

NASA - Quando se pensa em Leonardo Da Vinci, provavelmente imaginamos a Mona Lisa , ou os submarinos do século 16 ou talvez um certo romance de suspense. Isso é coisa do passado. De agora em diante, pense na Lua.

Resto da Postagem

Pouco conhecido para a maioria das pessoas, um dos melhores trabalhos de Leonardo não é uma pintura ou uma invenção, mas sim algo relacionado à astronomia. Ele solucionou o antigo enigma da Luminosidade da Terra.

É possível ver a Luminosidade da Terra sempre que houver uma lua crescente no horizonte ao pôr-do-sol. Quinta-feira (hoje) é uma noite propícia. Observe entre as pontas da lua crescente uma imagem fantasma da lua cheia. Essa é a Luminosidade da Terra.

Durante milhares de anos, os humanos se maravilharam com a beleza desse "brilho acinzentado", ou "a velha Lua nos braços da Lua Nova".Mas, o que é isso? Ninguém sabia até o século 16 quando Leonardo resolveu a questão.

Em 2005, depois da Apollo, a resposta deveria ser óbvia. Quando o Sol bate na Lua, ela fica escurecida, mas não completamente escura. Ainda há uma fonte de luz no céu: a Terra. O nosso planeta ilumina o solo lunar com 50 vezes mais brilho do que uma Lua Cheia, produzindo o brilho acinzentado.

Para se propôr isso no século 16 necessitava-se de muita imaginação. Ninguém havia estado na Lua e olhado a Terra no alto. A maioria das pessoas nem ao menos sabia que a Terra girava ao redor do Sol. (A teoria heliocêntrica de Copérnico não havia sido publicada antes de 1543, vinte e quatro anos depois da morte de Leonardo).

Imaginação fértil era coisa que Leonardo tinha em abundância. As suas anotações estão repletas de esquemas de máquinas voadoras, tanques do exército, aparelhos de respiração para mergulhadores e outros dispositivos fantásticos centenas de anos a frente do seu tempo. Ele até mesmo desenhou um robô: um cavaleiro blindado que poderia sentar, acenar com os braços, e mover sua cabeça ao mesmo tempo que abria e fechava uma mandíbula anatomicamente correta.

Para Leonardo, a Luminosidade da Terra era um enigma recorrente. Como um artista, ele estava entusiasticamente interessado na luz e sombra. Como matemático e engenheiro, ele gostava de geometria. Tudo o que restava era uma viagem à Lua. Era uma viagem mental:

No Codex Leicester de Leonardo, cerca de 1510, existe uma página entitulada "Sobre a Lua: Nenhum Corpo Sólido é Mais Leve que o Ar". Ele afirma a sua crença de que a Lua possui uma atmosfera e oceanos. A Lua era um ótimo refletor da luz, acreditava Leonardo, porque seria coberta com muita água. Quanto ao "brilho fantasmagórico", explicou, que seria devido a luz do Sol bater nos oceanos da Terra e, conseqüentemente, atingir a Lua.

Ele estava errado em dois pontos:

Primeiramente, a Lua não tem oceanos. Quando os astronautas da Apollo 11 pousaram no Mar da Tranqüilidade, pousaram em rochas. Os "mares" lunares são compostos de lava endurecida, não de água.

Lua crescente com Luminosidade da Terra no Parque Nacional de Yosemite, outubro 2004. Foto crédito: Andy Skinner.

Segundo, os oceanos da Terra não são a fonte primária da Luminosidade da Terra, mas sim as nuvens. A Terra brilha porque reflete a luz do Sol, e as nuvens fazem a maior parte dessa reflexão. Quando os astronautas da Apollo observaram a Terra, os oceanos eram escuros e as nuvens eram brilhantes.

Mas isso são detalhes.Leonardo compreendeu o básico bem o suficiente.

Ilustração da Luminosidade da Terra

Décadas a frente, os humanos irão viajar em pessoa onde a imaginação de Leonardo esteve 500 anos atrás. A NASA planeja enviar astronautas de volta à Lua antes de 2018. Mas diferentemente dos astronautas da Apollo, que permaneceram poucos dias, esses novos exploradores ficarão na Lua por semanas e meses. No meio desse processo, eles experimentarão algo que os astronautas da Apollo nunca fizeram: observar o anoitecer. Um "dia" lunar são 29.5 dias terrestres: quase 15 dias de luz terrestres, seguido por 15 dias de escuridão terrestres. Os astronautas da Apollo sempre pousaram durante o dia e levantaram pouso de novo antes do por-do-sol. Por causa do sol brilhante, nunca viram o leve brilho da Terra sob seus pés. Mas a próxima geração de astronautas irão.

E somente então, numa caminhada à noite nos arredores do posto, guiados pela luz débil da Terra, um deles irá se curvar e rabiscar algo na poeira lunar:

"Leonardo esteve aqui".

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