sábado, setembro 24, 2005

Saiba tudo sobre: HIV e AIDS

Via
Newscientist
Essa é a minha tradução do artigo que John Pickerel da Newscientist publicou no dia 5 de julho de 2005 sobre a AIDS num levantamento geral sobre a AIDS; o texto contém links que contém informações mais detalhadas sobre os temas no site da Newscientist.

A minha intenção seria traduzir todos os links, visto que esse assunto é de interesse meu, mas como é um trabalho muito grande e que gastaria muito tempo (tô com uma preguiça...), me resumi em traduzir o texto e oferecer os mesmos links dentro do meu texto.

O artigo foi traduzido como um exercício (essa desculpa eu sempre vou dar... ) e para mostrar às pessoas que apesar do que se pensa aqui no Brasil, existe um mundo lá fora que está sofrendo com esse problema da AIDS, e para que a gente pare de olhar pros nossos próprios e pequenos problemas, e dê um pouco mais de amor ao próximo.
"A informação é a arma contra a ignorância em todos os sentidos...

Saiba tudo sobre: HIV e AIDS

A AIDS já ultrapassou a "Peste Negra" e está sendo considerada a pior pandemia da história humana. No fim de 2004, 20 milhões de pessoas morreram por causa dela, e o dobro desse número estão atualmente infectadas com o HIV. Não fosse um grande progresso medicamentoso, poderia ter levado as vidas de algo por volta de 60 milhões de pessoas por volta de 2015. A AIDS requer um preço alto demais para as sociedades, ferindo a economia, dizimando a sua força de trabalho e deixando suas crianças órfãs.

Nove de 10 pessoas que vivem com o HIV estão nos países em desenvolvimento; 60 a 70% desses estão na África Sub-saariana. Mas a doença está se espalhando em todas as regiões, com epidemias ferozes ameaçando países como a Índia,China, Rússia e as ilhas do Caribe. As estatísticas são moderadas - em algumas cidades Sul-Africanas 44% das mulheres grávidas são HIV positivas, em Botswana 37% das pessoas carregam o vírus.

Assassino da Imunidade

O virus da imunodeficiência humana (HIV) é um retrovírus - um vírus constituído somente de RNA ao invés do tipo mais comum de DNA. Ele ataca justamente as células do sistema imunológico que deveriam proteger o corpo contra ele - os Linfócitos T e outras células sangüíneas com receptores CD4 em suas superfícies. O vírus usa o receptor CD4 para se ligar e através disso entrar no linfócito. O HIV então se integra no DNA próprio da célula, tornando a célula numa fábrica geradora de outros vírus. Os novos vírus rompem a célula, destruindo-a e seguem seu caminho para atacar outros linfócitos.

O HIV mata por meio da vagarosa destruição do sistema imunológico. Várias semanas após a infecção inicial, a pessoa experimenta sintomas parecidos com a gripe. Então o sistema imunológico ataca violentamente, e o vírus em grande parte faz uma retirada estratégica se escondendo dentro dos tecidos linfáticos. O indivíduo infectado que não recebe tratamento na maioria das vezes se mantém saudável de 5 a 15 anos, mas o vírus continua a se replicar no fundo, vagarosamente destruindo o sistema imunológico.

Eventualmente o corpo não consegue se defender e sucumbe a doenças oportunistas devastadoras que raramente atacam pessoas saudáveis. A Síndrome da Imuno Deficiência Humana (AIDS ou SIDA) é o nome dado a este estágio final da infecção pelo HIV, e é caracterizada por doenças múltiplas e potencialmente fatais tais como perda de peso, diarréia crônica, cânceres raros, pneumonia, doenças por fungos e infecções do cérebro e olho. A tuberculose se tornou especialmente prevalente em vítimas da AIDS.

Nascido para matar

Análises genéticas dão pistas de que o vírus ancestral do HIV primata poderia ter nascido há um milhão de anos atrás, quando um virus de chimpanzé se hibridizou com uma variedade símia relacionada. Contudo os cientistas acreditam que não foi antes de 1930 que isso se transmitiu aos humanos que comiam carne de chimpanzé na África Central. Essa variedade se tornou o HIV-1 - o tipo que mais se espalhou. Um segundo tipo, o HIV-2, mais restrito a África Ocidental, foi provavelmente contraído nos anos 60 por meio da carne de macacos.

Outra teoria foi a de que a pandemia da AIDS teria sido acidentalmente iniciada por médicos que testavam uma vacina contra a pólio nos anos 50 - exibida em detalhes no livro de Edward Hooper "The River" - mas isso foi severamente criticado por outros cientistas.

A AIDS já deveria estar circulando nos Estados Unidos e África durante os anos 70. Mas não foi reconhecida até o ano de 1981 quando um jovens gays e usuários de drogas injetáveis, em Nova Iorque e na Califórnia, começaram a ser diagnosticados com um tipo incomum de câncer de pele denominado sarcoma de Kaposi, e pneumonia letal.No fim daquele ano 121 pessoas nos Estados Unidos morreram - esse número cresceria para 17.000 nos próximos seis anos.

Cientistas apoiados pelo governo predizeram que a doença misteriosa que debilitava o sistema imunológico era causada por um agente infeccioso. Em 1984 esse agente foi identificado como sendo o HIV por Luc Montaigner do Instituto Pasteur de Paris, França, e Robert Gallo do Instituto Nacional do Câncer em Washington D.C., Estados Unidos. Logo após o aparecimento da AIDS nos Estados Unidos, a doença foi detectada também na Europa e a epidemia que afetava homens e mulheres heterossexuais se elevou em uma proporção alarmante na África Sub-saariana. Hoje uma dentre cinco pessoas naquela região estão vivendo com o vírus. A epidemia da AIDS também ameaça devastar as nações mais populosas do mundo - a Índia e a China - e outras nações asiáticas, se não se tomar uma atitude para mantê-la sob controle.

Ações defensivas

O HIV é encontrado em fluidos corporais tais como: o sangue, sêmen, fluidos vaginais e leite materno. Ele pode ser contraído através de sexo com penetração, sexo oral e por meio de seringas contaminadas compartilhadas quando se injetam drogas ou em hospitais. Ele pode também ser transmitido da mãe para o seu bebê durante a gravidez, o nascimento ou amamentação - apesar de que muitas crianças escapam da infecção. O HIV não passa através do beijo, tosse, picadas de mosquito ou pelo toque.

Autoridades de saúde estão se focalizando na prevenção como um método chave para limitar a dispersão da epidemia. Programas educacionais pregam a abstinência sexual, monogamia e sexo seguro usando camisinha, como uma maneira de proteger-se contra a infecção. Muitos países dão camisinhas gratuitas e oferecem programas de troca de seringas como medida de limitar a transmissão entre os usuários de drogas injetáveis. Microbicidas na forma de cremes que previnem a transmissão do HIV podem logo oferecer outro método de proteção.

Uma vacina, como um método alternativo de prevenir a infecção pelo HIV, poderá existir daqui a muitos anos.Isso é devido em parte ao vírus se modificar rapidamente.Uma vacina não somente deve preparar os anticorpos no caso de um ataque pelo vírus (a maneira que a maioria das vacinas funcionam) mas poderiam também aumentar a produção de células T. Testes com vacinas foram feitos na África do Sul, Kênia, nos Estados Unidos e Tailândia - mas apesar disso a maioria ainda precisa de mais resultados para que se tenha esperança. Vacinas controversas feitas a partir do sangue de portadores do HIV, foram testadas na Nigéria e na Tailândia.

Coquetéis anti-retrovirais

Não existe a cura para a AIDS, mas uma variedade de drogas - algumas das quais têm efeitos colaterais desagradáveis - estão a disposição para diminuir o seu progresso. Outras drogas são usadas para tratar infecções oportunistas ou os sintomas da AIDS. Até mesmo alguns tratamentos à base de ervas foram investigados.

A maior parte das drogas anti-HIV têm como objetivo dominar a replicação viral. Análogos de nucleosídeos tais como o AZT (zidovudina) e também não-nucleosídeos inibidores da transcriptase reversa (NNRTIs), atacam a ação da transcriptase reversa da enzima viral. Isso evita que elas produzam DNA's funcionais que de outra maneira integrariam no DNA das células infectadas.

Uma terceira classe bloqueia a protease, uma enzima essencial na produção de partículas de virus funcionais. Os inibidores de protease são os mais efetivos dentro desses 3 tipos de drogas, e a mortalidade pela AIDS caiu dramaticamente nos Estados Unidos quando elas foram licenciadas pela primeira vez no fim dos anos 90. Os inibidores de fusão são um novo tipo de droga que funcionam impedindo o HIV de se unir com os receptores CD4 que eles usam para entrar nas células. Drogas que bloqueiam uma outra enzima, a integrase, também estão em desenvolvimento. As drogas contra a AIDS são quase sempre tomadas em combinações de coquetéis, coquetéis de três ou mais tipos simultaneamente, visto que isso ajuda a diminuir a taxa pela qual o HIV desenvolve resistência às drogas. Mas o vírus é capas de evoluir rapidamente e pode eventualmente vencer as drogas se as regras de tratamento não são seguidas rigorosamente.

Apesar das drogas serem amplamente disponíveis nos países ocidentais, o custo delas significa que elas não estão disponíveis para a grande maioria dos que sofrem de AIDS. Organismos internacionais estão trabalhando na direção de ampliar o acesso ao tratamento no mundo em desenvolvimento. Algumas companhias em países como a Índia e Tailândia estão agora produzindo cópias genéricas mais baratas das drogas.

Custos altos

A carga econômica e social da AIDS exerce um preço alto demais nas nações em desenvolvimento adicionado à aquela exercida pela mortalidade em si. A AIDS está atravancando o desenvolvimento e acarretando um crescimento populacional negativo em alguns dos países mais seriamente afetados, como a Botswana.

Essa mortalidade excessiva pela AIDS está causando uma mudança demográfica, levando jovens adultos na flor da suas vidas. Isso deixa crianças órfãs, e está destruindo a força de trabalho e a economia. Alguns prevêem que 50 milhões de crianças na África Sub-Saariana estarão órfãs por volta de 2010. A força de trabalho de 38 países destruídos pela AIDS será 35% menor por volta de 2020, por causa da AIDS.

O efeito da AIDS em comunidades agrárias no sul da África está até mesmo levando a falta de alimentos. Estigma social e discriminação é outro problema para muitas pessoas que sofrem de AIDS, especialmente em nações asiáticas.

Autor: John Pickerel, 4 de julho de 2005

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