sábado, setembro 17, 2005

Jerry, o amigo da pessoa que vive com o HIV

Via
eurekalert.org no dia 13 de setembro de 2005
Em um estudo do Hospital Johns Hopkins, um aparelhinho de bolso que lembra os portadores do vírus HIV a hora de tomar remédio provou ser um sucesso para as pessoas com HIV e cuja memória foi levemente avariada pelo vírus.

Os pesquisadores dizem que o aparelhinho chamado "Jerry" pelos usuários, é um aparelho portátil e programado para facilitar a tarefa de tomar remédios em múltiplas doses todo dia na hora certa. Pacientes infectados com o HIV, particularmente aqueles que sofrem de leve perda de memória devido à doença, se beneficiam grandemente dos lembretes amigáveis, de acordo com um estudo publicado na edição de 15 de setembro do jornal "Clinical Infectious Diseases".

Mais parecido com um relógio de alarme, Jerry, mais propriamente conhecido como "Sistema de Assistência ao Manejamento de Enfermidades" (Disease Management Assistance System - DMAS), pisca uma luzinha e verbalmente diz ao paciente a exata dosagem e o medicamento a tomar e na hora certa. O DMAS é recarregável e não pesa mais do que um telefone celular. A programação do aparelho mantém um banco de dados do quanto o paciente tem obedecido aos lembretes, o que permite ao seu médico fazer o download e imprimir o relatório para verificar a aderência do paciente ao esquema de ingestão do medicamento.

"Uma dos maiores motivos pelos quais os pacientes de HIV dizem não terem tomado os remédios, é simplesmente que esqueceram," diz Adriana Andrade, M.D., M.P.H., professora assistente do Departamento da Universidade Johns Hopkins de Doenças Infecciosas."Nós imaginamos que a melhor solução possível seria um lembrete verbal".

De acordo com a Drª Andrade, tratar as pessoas com HIV tende a ser uma tarefa difícil para os pacientes que precisam seguir um esquema grande de ingestão de medicamentos, uma combinação de drogas chamada terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART). Aqueles que se esquecem da medicação desenvolvem resistência viral às drogas, o que é um problema, visto que não existem muitas outras opções substitutas.

"Na média, pessoas infectadas com o HIV e submetidas a tratamento leve tomam no máximo duas pílulas uma vez ao dia, uma diminuição significativa se for comparada como era há dois anos atrás, quando os pacientes tinham que tomar dúzias de remédios por semana," diz a Drª Andrade. "Mas mesmo com todo esse regime, os pacientes devem aderir à medicação fielmente senão o virus facilmente desenvolve uma resistência, muito mais do que em outras doenças infecciosas."

O HIV pode causar danos no cérebro, tornando mais difícil para alguns pacientes se lembrarem da disciplina do HAART, o que é quase sempre diferente para cada paciente.

"Recrutamos tanto pacientes com a memória normal quanto com a memória levemente acometida para o estudo", diz a Drª Andrade. "Os resultados indicam que ambos grupos aderiram mais à medicação com o Jerry, mas os pacientes com a memória afetada demonstraram uma melhora maior."

58 dos 64 pacientes completaram os quatro meses do estudo. A metade dos pacientes tiveram os conselhos do Jerry e participaram de reuniões de aderência, enquanto a outra metade recebeu somente aconselhamento. Aqueles com o Jerry tomaram a medicação 80% do tempo, enquanto aqueles sem somente 65% do tempo.

Dos 31 pacientes com memória avariada, aqueles que usaram o Jerry tiveram uma taxa de 77% de aderência, enquanto aqueles sem o Jerry tiveram uma taxa de 57% de aderência, ou seja 20% de diferença. Os pacientes restantes com memória normal também aderiram mais com o Jerry, mas não houve uma variância significativa comparado a aqueles sem o lembrete, de acordo com os pesquisadores.

Durante o estudo, todos pacientes tiveram tirados exames de carga viral, o que mede a quantidade do HIV no sangue. Contudo, não houve uma diferença significativa na diminuição da quantidade de HIV entre os com e os sem o Jerry, de acordo com os pesquisadores.

"Esperamos que outros aparelhos como o DMAS sejam avaliados em estudos similares como pagers, telefones celulares ou relógios de alarme especiais" diz a Drª Andrade.

O DMAS utilizado neste estudo foi fabricado pela Adherence Technologies.

O capital veio dos Institutos Nacionais de Saúde, do Centro de Pesquisas do Hospital-Geral Johns Hopkins e dos Laboratórios Merck dos Estados Unidos.

Outros pesquisadores envolvidos na pesquisa foram: Henraya McGruder, Ph.D.; Albert Wu, M.D., M.P.H.; Shivaun Celano, Pharm.D.; Richard Skolasky Jr., M.A.; Ola Selnes, Ph.D.; I-Chan Huang, Ph.D.; and Justin McArthur, M.B.B.S., M.P.H.

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